Alegrias. Desenganos. Foi o tempo que doía
Com seus riscos e seus danos. Foi a noite e foi o dia
Na esperança de um só dia.
Estas tropas foram comandadas por inúmeros capitães, mas o que ficou com maior relevância foi Salgueiro Maia, que comandou tropas vindas da Escola Prática de Cavalaria de Santarém. Porém, as operações eram dirigidas pelo graduado Otelo Saraiva de Carvalho.
No quartel da Pontinha, foi montado secretamente o posto de comando. Desse posto de comando eram dadas todas as indicações para todas as colunas militares distribuídas pelo país. No quartel da Pontinha, estavam o Tenente-coronel Garcia dos Santos, responsável pelas transmissões, o Capitão Luís Macedo, co-autor do Programa Operacional, o Tenente-coronel Lopes Pires, o Major Santos Osório e o Major Otelo Saraiva de Carvalho, Comandante Operacional e Vítor Crespo que ajudou no centro de operações.
Na noite do tão famoso dia de 24 de Abril, pelas 22:55, foi transmitido na rádio Renascença a música “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho (ver anexo 1). Esta música foi transmitida por João Paulo Dinis que exclamou:
- «Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com a música do Euro festival 74, E Depois do Adeus...».
Tratou-se do primeiro sinal para o inicio da acção militar.
Cerca de uma hora e meia depois, transmitiram “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso (ver anexo 2), a segunda senha que confirmava o bom andamento das operações e o avanço das forças do MFA. Depois desta transmissão, já não podiam voltar atrás.
Esta música foi transmitida por volta da 00:20, já no dia 25 de Abril de 1974.
O Rádio Clube Português, pela voz de Joaquim Furtado, informou todo o País no início da madrugada, de que as Forças Armadas tinham iniciado um movimento contra o regime. Foi feito o apelo à população que se mantivesse calma e em casa, e a todos os médicos foi pedido que acorressem aos hospitais.
Um segundo comunicado da Rádio foi realizado, para reforçar recomendações de prudência aos militares, e as forças que se opusessem ao MFA seriam castigados severamente.
Em pouco mais de doze horas, os militares passaram a dominar pontos importantes nas principais cidades do País.
Forças militares concentraram-se no Terreiro do Paço. Um número impressionante de pessoas acompanharam as colunas militares, não tendo obedecido às ordens de recolher obrigatório.
Com o passar das horas, os comandos das forças fieis ao regime começaram a ficar desesperados.
O Quartel do Carmo foi cercado, e um ultimato foi feito às tropas que nele se tinham barricado, bem como o Presidente do Conselho, Marcelo Caetano.
A sede da PIDE/DGS em Lisboa também foi cercada por militares. Presos políticos foram libertados, no Forte da Trafaria sem que incidentes tenham ocorrido.
Cravos vermelhos foram distribuídos pelos militares e populares, que felizes aplaudiam.
No Largo do Carmo, os populares não se afastaram enquanto os membros do governo, incluindo o Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, não se renderam. No entanto, Marcelo Caetano impôs como condição para se render, entregar-se a um oficial de patente superior. António Spínola, foi o general a quem se rendeu, tendo saído num carro blindado, para fugir à fúria dos populares. Marcelo Caetano e Américo Tomás foram presos e levados para a ilha da Madeira. Centenas de pessoas afluíram à baixa da cidade, gritando “slogans” de vitória.
No entanto, na rua António Maria Cardoso. Atiradores da DGS dispararam sobre os manifestantes, provocando a morte a quatro pessoas e ferindo dezenas. Um agente da DGS também é morto por elementos das Forças Armadas quando tentava fugir. Foram estas as vítimas desta revolução.
O poder foi entregue pelo MFA a uma Junta de Salvação Nacional. O Presidente da Junta de Salvação, foi António de Spínola, que governou até à formação de um governo provisório.
Através da televisão, já na madrugada do dia 26 de Abril, os Portugueses ficaram a saber todos os detalhes que faziam parte do programa do MFA. Era constituído por muitos pontos, que de imediato tiveram de ser cumpridos. As medidas mais importantes foram:
- dissolução da Assembleia nacional;
- extinção da DGS/PIDE;
- abolição da censura;
- implementação de uma política de paz nas colónias ultramarinas,
- libertação de todos os presos políticos.
A maior dificuldade encontrada, foi o tempo necessário para despender na realização deste mesmo trabalho, que surgiu em época de testes e exigiu que nos reuníssemos ao fim de semana.
- Centro de documentação do 25 de Abril cronologia pulsar da revolução
- Enciclopédia Luso-brasileira de cultura
- 25 de Abril – Revolução dos cravos – História de Portugal
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz Tua voz.
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor
que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
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